Hoje de manhã, meu vizinho estava ouvindo uma música do Moska. É uma das que gosto mais: O último dia. E a música me remeteu ao filme que assisti ontem: Antes que termine o dia.
Ambos falam do que você poderia fazer, caso soubesse que só tem um dia de vida.
Fiquei pensando sobre o assunto, e imaginando o que eu faria se pudesse prever o dia que desprenderei da matéria.
Tal pensamento me levou a outro: como as pessoas reagem diante da possibilidade da morte. O que passa pela cabeça de alguém que tem uma doença grave ou uma que não tenha cura.
Há dois anos eu perdi um amigo que tinha idade igual a minha. Uma medicação errada causou a morte dele. Choque anafilático. O mais estranho nessa história era o comportamento dele dias antes do incidente. Ele estava realmente diferente. Preocupado em organizar a vida; em demonstrar à esposa o quanto a amava; em recomendar aos irmãos que cuidassem da mãe viúva; em fazer seguro de vida; em fazer pequenos reparos na casa..... E todas essas coisas que nos levam a pensar que, de alguma forma, ele sabia.
No filme em questão, o mocinho ama a mocinha, mas é macho alpha o bastante para não demonstrar isso. E ela morre. O destino, no entanto, dá a ele outra oportunidade. E ele faz tudo o que pode para salvar sua amada. E mais: ele consegue mostrar a ela o quanto a ama. Em dado momento da película, ele pergunta a ela o que ela faria, caso soubesse que só tem um dia de vida. A resposta dela não poderia ser mais previsível para o contexto do filme: "ficaria com você".
Piegas, previsível e bonitinho. ai ai....
Na música de Moska, ele nos dá opções inusitadas, como abrir a porta do hospício e trancar a delegacia. Ou dinamitar o carro e parar o tráfego e rir; andar pelado na rua; transar sem camisinha; entrar de roupa no mar... E a gente poderia acrescentar um sem números de opções nessa lista.
Na verdade, esse questionamento já estava latente, e tanto música quanto filme foram apenas o estopim para este texto. Isso tudo porque essa semana eu soube que uma pessoa muito muito querida está doente. Com uma dessas mazelas em que a cabeça entra em parafuso. Nada que não tenha tratamento e cura, mas que surtam assim mesmo.
E eu, que sinto dor pelos outros, sinto doer em mim. Sinto a ansiedade de imaginar se o tratamento vai dar certo; a angústia de pensar que tem os dias contados; de não querer se envolver com ninguém por achar que vai fazer o outro sofrer, e mil coisas parecidas.
Me coloco no lugar do outro, e concluo que não saberia fazer diferente. Acho até que ficaria (mais) rabugenta durante um bom tempo, sentiria dor no estômago enquanto não digerisse a informação, me afastaria das pessoas, acharia a sociedade escrota (opa, mas isso eu já acho), deixaria os pelos (todos eles, eka) crescerem e me esconderia numa cabana caindo aos pedaços no alto da montanha, me alimentando de frutinhas e folhas.
Brincadeiras a parte, a idéia de perder pessoas ou coisas que amamos é muito doída. Inclusive quando essa perda é do nosso tempo. E só de pensar em perder.... dá uma dor no meu peito. É um sentimento egoísta, eu sei. Mas nem tudo o que eu sinto é nobre. Desculpe.
No filme, o mocinho conseguiu transformar o dia do casal em algo cheio de vida. No livro A Walk to Remember, o mocinho torna a vida da menina em estado terminal muito mais agradável. O Moska nos faz pensar que pode ser divertido e inconseqüente.
Eu não sei bem o que fazer. Quem dera tivesse o poder de extrair a dor alheia, como o negão de The green mile. Mas a vida não é assim. Infelizmente.
E tudo o que posso fazer neste momento é dizer que respeito sua dor e seu silêncio. Você não vem sempre aqui, eu sei. Mas se vier, vai saber que é o que sinto. Me preocupo com você e quero te ver bem. Teria muito mais coisas a dizer, mas não consigo falar mais nada agora..
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segunda-feira, 23 de junho de 2008
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Ruiva
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7 pitacos:
Seja pra quem quer q seja a sua mesnagem amiga, com certeza vc conseguiu ao menos amenizar a dor desta pessoa tão especial pra vc...
Loosho puro isso, viu?
Concordo com a Bridget.
Se eu soubesse q morreria amanhã, faria tanta coisa q vc nem acredita. Acho que ficaria feliz se recebesse um aviso prévio do tipo: vc só tem uma semana de vida. O gde problema é que a gente morre sem qq aviso, e mts vezes deixamos de fazer coisas essenciais, como beijar na chuva, entrar no mar de roupa e por aí vai.
Que vontade de matar o trabalho amanhã e viver um poquinho.
bjs
Talvez esse seja um dos seus textos mais profundos e bonitos. As citações ao filme, a música (excelente) do Moska contextualizaram muito bem. Belíssimo!
Li de cabo a rabo e fiquei matutando sobre vida, morte e convivência. Uma mocinha especial uma vez me disse que as pessoas parecem ficar felizes perto de mim. Se for verdade, acho que considero a minha missão terrena quase cumprida...
BRI, espero que você esteja certa, viu? Beijos
ALFA, é por isso que procuro aproveitar a vida. E não esqueço de demonstrar amor a quem é importante pra mim. A gente não sabe quando vai ser a última vez que vai abraçar alguém..
SURFISTA, e eu nem tive a pretensão de ser profunda. Bem ao contrário, quando terminei de escrever, detestei e quase não publiquei. Mas era o que estava sentindo. E foi assim que ficou. Beijos pra tu.
Por que as pessoas só fazem coisas interessantes na iminência da morte?
Ahhh pensar nisso me dá uma tristeza.... sei lá, tantas coisas a gente tem pra arrumar, nao é?? tanta gente que parece depender da gente, do nosso amor, do nosso cuidado... puxa, nao quero pensar nisso nao :(
Mas vc escreveu tao bacana... uma segunda chance seria algo bem interessante mesmo nao??!! mas tenho a impressao de que ela nao existe, entao o melhor é fazer com que a vida seja percorrida da melhor maneira possivel.
Um beijo
Voce falou sobre a morte contou estas histórias de uma maneira legal. Vou querer que ganhe.
Com carinho Monica
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