sábado, 26 de fevereiro de 2011

E por falar em estudar....

Um dos cursos que estou fazendo é sobre alfabetização. Não sou obrigada a fazer, mas como nunca alfabetizei deliberadamente na vida, tenho maior medinho de fazer besteira quando precisar ensinar. Dae lá fui eu estudar. A parada é maneira e tals, a professora é competente, mas as colegas professoras que estudam comigo.......

E então surgiu uma discussão na turma sobre se ensinamos português para brasileiros. Eu, amante da língua e eterna inconformada com os erros crassos que as pessoas comentem, brinquei dizendo que atualmente precisamos sim ensinar português pra brasileiros, "porque é um tal de gente falando menas, seje, douze, duzentas gramas.... não dá pra ser feliz assim". Foi quando uma das alunas achou de dizer alguma coisa sobre crianças não falarem a linguagem culta. Eu repliquei que algumas falam. A pessoa revidou que "elas falam como pequenos adultos e não a linguagem culta".
Bom, se a criança fala como um adulto, fazendo a concordância, usando o verbo no tempo certo e sem usar gíria, ela não fala a linguagem culta? Pra mim, fala. Pra essa aluna, não. E ela resolveu encrespar (logo comigo, logo naquele dia) e se mostrar superior:

- Linguagem culta é a de Machado de Assis. Você lê Machado de Assis?? (me olhando com um olhar superior, claro.)
- Bah, Machado não é língua culta. É língua arcaica, se você não sabe. Mas sim, leio Assis. Leio Saramago também. Leio José de Alencar também. Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Mia Couto... Tá bom pra você? =)

Ah, cara, essa gente que não sabe brincar.. Me cansa a beleza, viu?! E ainda querer tirar essa onda comigo de "você lê Assis??"
Porque professor é tudo bitolado. Principalmente os do primeiro segmento (para os leigos: de educação infantil até a quinta série atual), porque o nosso trabalho não requer muita atualização de informações. Na prática, basta repetir, ano a ano, o que foi feito com a turma anterior e o resultado é satisfatório. E nessa o cérebro atrofia e a pessoa fica com o pensamento costurado. Sempre lutei contra isso, porque acho que se eu lido com pessoinhas, se está nas minhas mãos o início da vida acadêmica de alguém, tenho mais é que oferecer o melhor e personalizar esse melhor. Não dá pra fazer sempre a mesma coisa, repetir as mesmas atividades. Pior ainda: não dá pra pensar que criança merece qualquer coisa, qualquer historinha, qualquer atividadezinha. E é por isso que eu leio neurologia, psicologia, biologia, nutrição, literatura, medicina.. Tudo isso me ajuda a desenvolver um trabalho melhor. Além, é claro, de manter meu cérebro ativo e em expansão. Porque eu acho inaceitável um professor com cérebro de ervilha.

2 pitacos:

Nanda Albuquerque disse...

Ruuuivaaa, vem pra BH dar aula pro Minicoleguinha, por favor!!!!
Eu quero alguém assim pra ensiná-lo (gostou? gostou? é língua culta, né?), não aguento professor falando 'pra mim fazer', AAAAARGHHHH! O pior é que tive um assim na FACULDADE, acredita?
Aproveitando, vc pode me dar umas umas dicas de sites/blogs com informações/atualizações sobre o método de ensino de hoje em dia, quando começa a alfabetização e sobre o método construtivista? É que Minicoleguinha está com 4 anos e agora começaram a aparecer algumas dúvidas.
bêê tóó e obrigada.

Luciana Matos disse...

Concordo com tudo e mais um pouco!
Pior que pseudo intelectual, só pseudo intelectual!

Beijo!

 

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