domingo, 2 de janeiro de 2011

Sobre os ritos

Não tenho mais essas fissuras com reveillon. "Ano Novo" é só o dia seguinte. Depois do primeiro final de semana, toda essa magia que envolve as pessoas desaparece e o mundo volta a ser um lugar meio estranho, com pessoas egoístas, falsas, mesquinhas e más. Mas reveillon é um ritual de passagem. Não sou afeita a superstição, não é isso. Não se trata de achar que traz sorte, ou azar, não me importo com cor de roupa, decoração, romãs, flores, ondas ou fogos. Só acredito na importância dos ritos. Eles existem para sinalizar alguma coisa e, logo, gosto de cumpri-los. É por isso que me importo com alguns pequenos detalhes: onde e com quem. E mais nada.
A festa de reivellon foi tranquila. Estava num lugar que amo, com as pessoas que mais amo - a igreja, com meus irmãos -, então foi perfeito. E passei o dia de ontem na casa das minhas avós. Minha família é muito divertida, então foi um dia divertido.
MAS me dei conta de uma coisa: minha avó está muito muito velhinha. Ela ficou internada no Natal com uma febre sem motivo e agora não quer comer. Como uma pessoa de 98 anos sobrevive sem comida? Vóvs já quase não fala, reconhece poucas pessoas e não se move sozinha. Em outras palavras, não é mais minha avó quem está ali. É só um corpo, porque vóvs já foi faz é tempo. Mas mesmo assim, pensar que o pior pode acontecer enquanto eu estiver fora é bem ruim. Porque o funeral é um rito de despedida bastante importante, e faltar a ele faz parecer que não é real. Levei anos pra assimilar a morte do meu cunhado justamente porque não pude ir ao funeral. Então não quero que vóvs desencarne justo nos dias em que curto minhas férias, porque não terei como voltar. E a idéia de não me despedir adequadamente me assustou um pouco. Então estou torcendo pra que a velhinha viva um pouco mais, pra me esperar para os ritos finais.

4 pitacos:

Anônimo disse...

O paradigma do rito, vem da importancia que damos para ele.

Até mesmo no inevitavel

Sucesso e Docura

http://delitosperdidos.blogspot.com/

Anônimo disse...

Nao sou historiador

sou normal tanto quanto voce

Anônimo disse...

O que é ser normal, neste mundo

tentar ficar dentro de um padrão, não é um engodo ?

Ou devemos criar um sistema, para não seremos escravos do sistema de outro.

Luciana Matos disse...

98 anos! Que beleza!
Eu quero viver muito assim! Dar bastante trabalho pros outros! rs!
Acho que de repente você pode criar um rito de despedida que não precise ser presencial... Os ritos são a gente que cria mesmo...

Beijões!

 

Copyright © Histórias e Pensamentos de uma Ruiva Infinita. Template personalizado por Elaine Gaspareto Design by Volverene from Templates Block