sábado, 6 de dezembro de 2008

Dia difícil

Alguns momentos são mais difíceis que outros. E é complicado às vezes, sabe.
Sentir dói. Qualquer sentimento que seja, por quem quer que seja....
Hoje é um dia que é mais difícil.

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Segunda, dia 08, ele faria 25 anos. Se não fosse aquele acidente de carro.... Tão jovem, sempre tão prudente. E pensar que tentei incansavelmente falar com ele no dia anterior pra desejar, antecipadamente, um feliz 2003. O telefone não foi atendido, o email não foi respondido, o celular não estava ligado. E no domingo, enquanto eu dormia, o telefone toca. O olhar desolado do Dinho, ao desligar, não me deixou dúvidas. Uma batida a 50 km/h, num carro parado, só porque estava cansado demais e provavelmente dormiu logo depois de deixar o último amigo em casa depois do trabalho, tirou-lhe a vida. E me trouxe uma tristeza inconfundível a cada reveillon. E uma sensação, até hoje, de que não é real. Mesmo seis anos depois. Ainda sinto saudade, querido. E cada vez que vejo um episódio de Friends, é em você que eu penso. Meu irmãozinho, meu cunhadinho, meu amigo..

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Algumas coisas deram muito errado na minha vida. Mas uma delas deu certo este ano. A melhor coisa que me aconteceu foi a Be vir morar comigo. Tá certo que a monografia não saiu (nem a minha, nem a dela) porque a gente filosofa mais do que escreve, e lê mais site de receitas do que Ciro Flamarion ou March Block, e tira mais fotos do que faz pesquisa no arquivo. Mas foi o melhor ano da minha vida adulta. Teve briga, choro, grito, riso, piada, insônia, dormir na mesma cama, filme, comida diferente, praia, carnaval péssimo, aniversário só nosso, Chefe, Castigo e tudo de bom e ruim que uma relação entre irmãs pode ter. E agora isso acabou. Estou triste demais. A tristeza é tanta que afeta meu humor. Fico braba porque não há nada que eu possa fazer pra mudar isso. Pelo menos, não agora.

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Sou autista. Já falei isso? Muito autista, pra ser sincera. Por isso, aliás, os blogs - porque tem horas que canso das pessoas, e o blog é meu refúgio. Mas também sou sociável. Quando crio laços com alguém, sinto falta. Acontece, também, que não suporto a sensação de incomodar. E quando as pessoas estão em suas vidas felizes e eu estou pior que fel, evito a sociedade. O ruim disso é que sinto falta dos meus amigos. Muita falta. E hoje é um dia que essa falta está me incomodando. Só que hoje é sábado, e as pessoas fazem programas pro sábado. Principalmente quando se está apaixonado... É praia com o namorado, shopping com a namorada, almoço na casa dos pais da esposa, ajudar na mudança do sogro. O que me resta é escrever. E ver filmes. Sozinha.

PS: esse autismo não é a doença de fato; é mais um estado de espírito anti-social mesmo.

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O ano letivo está acabando. Só uma semana com alunos e mais uma semana de reuniões com a chefa. E, segundo se ouve no rádio corredor, não terei o privilégio de acompanhar minhas onças ano que vem. De novo. Realmente não entendo qual o problema dela comigo, porque todas as professoras acompanham a turma. Só eu que não. Não quero uma turma de novos bebês. Quero as minhas onças, mal-criadas como são, briguentas, faladeiras, bagunceiras, inteligentes, surpreendentes e minhas! Nenhuma outra professora daquela escola percebe as onças como eu. O Infinito não é uma criança mal educada; é uma criança inteligente, que não entende a lógica adulta que permite xingá-lo, mas que não aceita a mesma moeda; uma criança que não se conforma com um "é porque é!" como resposta; ele não é um "Pedrinho". Na verdade, meus alunos estão mais pra "Emilia" do que pra Pedrinho e Narizinho. E a Dona Benta lá não aceita isso. E joga por terra toda a teoria de Emilia Ferreiro, e Paulo Freire, e Piaget, e mais um monte de teóricos da educação. Pensar na possibilidade de me separar deles é horrível. Estou tentando, de verdade, não pensar nisso. Só que fica mais difícil quando tenho que fazer os relatórios de avaliação e percebo o progresso que cada um teve durante o ano... Eu quero as minhas onças no próximo ano!!!

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4 pitacos:

Márcia Correia disse...

Minha ruivinha predileta,

Estava lendo o seu post... e senti uma tristeza junto com você. Automaticamente veio a Palavra do Senhor que eu gostaria de deixar aqui no seu blog...sem encher muito o seu saco (rs).

“Pois quem é Deus, senão o Senhor? E quem é rochedo, senão o nosso Deus? Deus é a minha fortaleza e a minha força e Ele perfeitamente desembaraça o meu caminho”.
2Sm 22:32-33

As preocupações do presente e do porvir tendem a nos levar ao desespero, fazendo com que nossa visão saia da direção de Deus minha linda. Davi é um grande exemplo para nós. Ele confiava no Senhor, e quando a luta e as provações chegavam, ele proclamava que Deus estaria com ele. Abra tua boca afora mesmo e declare para teus problemas ou para quem quer te fazer parar, que você tem um Deus, que é maior do qualquer coisa, e que Ele pode te livrar dos momentos maus. Quem sabe que em meio a perdas e mudanças, Deus queira mudar algo em você também? Quem sabe Ele queira te usar no meio de outras “oncinhas” que precisam tanto quando as outras “oncinhas”. Confie em Deus.

Quero orar por você minha ruivinha!
“Senhor, cuida do coração da minha amiga. Tira toda inquietação, tristeza e incerteza do amanhã. Mostra o Seu maravilhoso plano infalível na vida dela, ensinando que em meio a tudo isso o Seu Amor estará cobrindo sua vida e jamais Tu a abandonará!”

Beijinhos

MEL disse...

Como é difícil ser gente grande né... Eu sou autista também...

Jullyane Teixeira disse...

Nossa, Ruiva, quanta coisa junta, quanto sentimento misturado, tem razão vc estar tão pra baixo!

Senti junto com vc a sua tristeza! Espero que as coisas melhorem, viu?

Beijos!

Elaine Gaspareto disse...

Parei para ler seu blog e me identifiquei na hora,acho que sou autista também.Meu olho encheu de água pela sua perda,lamento.E sei que não passa,mas ameniza.Fica com Deus

 

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