sábado, 25 de outubro de 2008

Onças

Que eu sou apaixonada pelas minhas Onças, não é segredo pra ninguém. Mas se engana quem pensa que tudo são flores todo o tempo. Criança irrita. E não é pouco. E as minhas..... vou te contar, elas são uó. Bem, minha dentista costuma dizer que "assim como são as pessoas, são as criaturas". Então, meus alunos são um reflexo de mim. Eles falam como eu, olham como eu e, alguns, pensam como eu. E é por isso que sou tão apaixonada por eles.
Acontece que ando um pouco insatisfeita com as coisas lá na escola. Em todas as RPs que abro a boca, falo a mesma coisa: a teoria aqui é muito bonita, mas a prática é a mais retrógrada que existe.
As pessoas falam numa educação para a vida, mas ninguém se preocupa com valores morais. Falam de "formar cidadãos críticos", mas não permitem que as crianças se expressem de verdade. E querem que eu entre nesse teatro. Pô.. não consigo.
Mas eu sei qual é o problema. Permitir que a criança pense por si só dá muito trabalho. Porque ela vai querer saber o que é e como funciona, e por que você faz desse jeito, e não daquele. Eles vão te contrariar, e você vai ter que respeitar isso de vez em quando, afinal você também exige respeito deles, quando os contraria. "Ah, mas aí você vai deixar a criança fazer o que quer??" Olha, se isso não colocar em risco a integridade física de ninguém, vou sim. De vez em quando faz bem. Meu pai fazia isso com a gente e funcionou.
Só que isso dá um super trabalho. Tem que ter muito jogo de cintura pra contonar situações escabrosas. Ah sim, porque crianças são crianças, mas não são santos. Bem ao contrário, fico impressionada de ver o quanto podem ser crueis aos 4 anos.
E quando o professor tem raiva da criança só porque ela não é um robô? Vou contar um segredinho pra vocês: o sonho de todo professor é uma turma de "Pedrinho" e "Narizinho", e quando aparece uma "Emília", a professora simplesmente surta.
Lá na sala eu tenho sofrido um pouco com isso. Meus alunos preferidos não são os mais limpinhos, ou os mais bonitos. São os mais inteligentes. É o Infinito, a Mô e o Mamulengo. Mas, tirando a Mô, eles são os líderes da alcatéia. E me dão muito trabalho. São cheios de vontade por serem os caçulas da casa; são cheios de problemas por conta das famílias desestruturadas (eu dou aula numa favela, lembram? Então, ter o pai preso, a mãe puta, o irmão morto e coisas do tipo, é lugar comum). Mas são crianças muito inteligentes. E, como é comum em pessoas inteligentes, eles já incomodam. E a outra professora da sala não suporta eles dois. Implica com eles, nega tudo o que eles querem, não ouve o que falam, não presta atenção às suas necessidades e, o que eu acho pior, me recrimina por não fazer o mesmo. Mas, meu Deus, se eles chamam minha atenção justamente por saírem do lugar comum... É fácil de ver, porque só quem figura no blog é o Infinito. E eu não conto metade das coisas que ele faz e fala.
Enquanto professora, pretendo dar voz aos meus pequenos. Eles são tão pessoa quanto qualquer um. Não é porque são pequenos que devem ser reprimidos. Não quero uma nova geração de imitadores. Quero alunos que pensem com autonomia, que saibam o que querem, que critiquem. Se isso vai me dar trabalho? Sei que vai. E muito. Mas se eu quisesse uma profissão fácil, não teria escolhido essa.

2 pitacos:

Vivizinha disse...

AH!! passo por isso direto c meu filho....ele tem mta personalidade p escola onde está....

Madame Mim disse...

Oi.
Dou aulas de vez em qdo,mas para adultos.
Não sei se eu seria uma boa professora para crianças.
Achei ótima a história aí de baixo, do menininho que fez vários xis para enganar os bandidos, eheh.
Criança tem mesmo umas sacadas muito fofas.
beijos

 

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