domingo, 6 de julho de 2008

Gui

Há uma semana que aconteceu e eu ainda não consegui falar a respeito.. É que a emoção foi tão grande que tomou conta de tudo, bagunçou meus pensamentos, confundiu minhas percepções e me tirou de órbita por uns dias.
Meu irmão mais velho casou.
Algum desavisado diria que não há motivo pra tanto estardalhaço. Acontece que as pessoas não sabe da nossa relação de irmão. Já falei aqui, num texto sobre a Bê, que nós quatro temos uma relação muito diferente da maioria dos irmãos que conheço. E não sou a única que acho. TODOS os nossos amigos dizem a mesma coisa. Por isso é tão importante pra nós que nossos pares aceitem bem essa relação e, principalmente, que sejam bem aceitos pelo grupo. Até ouso dizer que - pelo menos no meu caso - quando um dos irmãos não aprova, o romance não segue.

Então... Gui é o mais velho. Eu sou a segunda. Durante três anos fomos só nós dois. E depois, apesar do Dinho, ainda éramos imbatíveis. Dinho era muito pequeno, quase não participava das nossas artes de criança. Dona Mãe ainda tem uma fita k7 com gravação do Gui implicando comigo. "Bicho, vem pegá Dedê!!" E, entre soluços e lágrimas, eu respondia "Pegá maninho.."
E assim crescemos. Estudamos nas mesmas escolas, gostávamos das mesmas coisas. Ele era um ídolo pra mim. Além disso, ele é músico. Desde muito cedo que desenvolveu o dom. Primeiro as panelas da avó, depois a bateria, o violão, o baixo e, por fim, sua verdadeira paixão: o piano. Autodidata em todos. Mas claro que depois estudou para aprimorar o que já lhe era um dom nato. Aprendi a apreciar recitais, ouvir Mozart, Bach, Chopin, Beethoven e todos os outros. Quando na faculdade de música, me pedia ajuda pra fazer os trabalhos de história da arte, e foi assim que descobri o amor pela história. E assim aprendi a gostar também de MPB, jazz, salsa, rock, chorinho.. (o samba foi o Ley que me ensinou a amar). Fomos juntos aos shows do Djavan, Jota Quest, Paralamas, Cidade Negra, Skank, Marisa Monte.. Quando nosso cantor internacional de adolescente veio ao Brasil em 2005, Gui não pôde me acompanhar por causa do trabalho dele. Mas eu liguei pra ele, pra que pudesse ouvir. A emoção foi tanta que ele se mandou pra Sampa pra ver o show por lá. E me ligou pra que eu pudesse ouvir. Muito do meu estilo cultural de hoje se deve a ele.
Viajamos muito também. Paraty, Curitiba, Cabo Frio, Petrópolis por vários invernos seguidos, Angra dos Reis.. Sempre era mais engraçado com ele por perto.
E os namoros?? Hahahah... isso é um capítulo a parte. Sempre soubemos dos casos um do outro. Recife, Goiânia, Curitiba, Niterói, Niterói de novo. Até que ele se apaixonou por ela.....
Não, não pela Noiva. Mas por ela. A causadora de grande mal a ele. Uma amiga nossa, casada. Acontece. E aconteceu com ele. Mas, pela primeira vez na vida, ele me escondeu algo. E eu soube da pior maneira possível: por terceiros. Lembro da sensação de traição, do choro, da briga... era como se descobrisse que meu namorado me traiu com minha melhor amiga. Não trabalhei, não fiz prova.. Foi difícil entender porque ele me escondeu isso. Logo de mim, que sempre fui cúmplice de tudo. Mas o que poderia ter acabado com a confiança, foi também o motivo de uma amizade ainda maior. Depois de passada a raiva da traição, me aliei a ele de novo. E sob protesto de toda a família, fiquei ao lado dele durante os dois anos desse namoro (ela se separou e ficou com ele). Fiquei ao lado dele sim. Eu sabia que ela faria com ele o mesmo que fez com o marido. E alguém teria que juntar os caquinhos que restariam daquele coração de músico apaixonado. E foi o que aconteceu. Quando ele descobriu que ela tinha outro, o mundo caiu. E só eu estava lá pra segurar a mão dele. Foram meses difíceis, muito difíceis. Outras tentativas de romance, mas nenhuma vingava. Nenhuma se comparava a ela.
Até que eu conheci uma menina (menina mesmo) que morava sozinha no Rio. Estudante de medicina, a família morava em outro estado.. Freqüentávamos a mesma igreja na zona sul. Ela não conhecia quase ninguém fora da faculdade.. E começamos a nos falar de vez em quando. Um dia ele chega pra mim e diz que acha ela uma gata. E ela é mesmo. Pô, irmã, será que eu teria chance com ela? Xiiiiiiiii..... Pense na sua irmã com 20 anos.... Então, igual. Coração zero, querido. Mas tenta a sorte. O não você já tem, o que vier é lucro.
E assim começou a história de amor mais fofa que eu conheço de perto. Ela não estava nem aí pra ele. Mas ele insistiu. Acostumado que estava com as mulheres se jogando aos pés dele, ficou ainda mais encantado por aquela menina difícil de conquistar. Mas conquistou. E começaram a namorar. Eu "perdi" uma amiga, mas ganhei uma irmã a mais.
Acho que por não morar mais com ele há dois anos, estava sentindo pouco essa história toda de casamento. Mas quando estávamos na porta da igreja e ele me lançou aquele mesmo olhar cúmplice de sempre e suspirou ansioso, a minha ficha caiu. E meus olhos encheram de lágrimas. A partir daquele momento não seria mais eu que compartilharia das histórias dele. Seria a Noiva. E bateu aquela tristezinha misturada com felicidade...
Estou realmente feliz por ele ter se casado com uma pessoa tão fofa, e que o ama tanto. Não é sempre que eu acredito em amor e em felicidade, mas no caso deles, eu acredito.

Maninho, faça a Noiva muito feliz, para que você possa ser feliz ao lado dela. Amo vocês. Felicidades ao casal.
 

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