sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Como ela não teme o futuro?

"Não é possível que não se incomode com a situação do tempo passando. Você não sonha em casar?"


É, eu me incomodo. E me dei conta disso hoje, ao ser inquirida de forma tão direta.
A vida mudou. Cheguei naquela idade estranha, onde aqueles amigos que me acompanharam pela última década e meia estão casados, com filhos, criando cachorro, embarangando, vivendo uma vida "adulta". E eu não acompanhei essas mudanças. De repente todas aquelas pessoas que viajavam comigo, que choraram juntos a morte de Senna, que lamentaram a perda da Copa de 98, que colaram nas provas de Celsinho, tomaram outro rumo na vida. E eu fico perdida nos assuntos de gestantes, noivas, divorciadas, donas de casa.
É aí que surgem os novos amigos que, ou serão mais novos, ou muito mais velhos. E isso é muito estranho, porque o último grande amigo que eu fiz foi há 8 anos.
Sinto falta desses amigos de antes. Ainda me sinto uma estranha para os novos amigos; eles só conhecem a Ruiva parcialmente. E isso incomoda.
Incomoda ter que explicar o medo de escadas; o porquê de não ter me formado; a mudança de graduação; que meu cabelo não é originalmente vermelho e porquê está sempre curto. Incomoda ter que explicar que tenho paladar de criança e que não suporto filme dublado.
Incomoda ainda mais que as pessoas se incomodem com a minha postura diante do futuro.

Não vou mentir e dizer que não penso nisso. Todo mundo pensa. É claro que imagino o dia em que meus filhos vão pular no meu colo com medo de algum filme. Sem dúvida nenhuma quero ter uma família que seja minha.  Acontece que nunca fiz disso uma prioridade. E agora que todos estão brincando de casinha, eu fiquei de fora. Penso em casar. Quem disse que não? Mas se for pra casar com qualquer mané, é melhor como está. Menos apurrinhação pra cabeça.

Não sei se isso é temer o futuro. Se é, então sim, eu temo. E também não sei se há algo que se possa fazer quanto a isso. Acredito que as coisas aconteçam quando chega a hora, porque acredito que há um Deus que me vê e que cuida de mim. Então, diante dessa perspectiva, não me apavoro com a "idade que chega". Vou vivendo a minha vida, fazendo aquilo que gosto, aproveitando a vida sozinha. Porque a hora que tiver que compartilhar com alguém, não quero me lamentar de nada que tenha deixado de fazer. Quando chegar a hora, quero olhar pra trás e pensar que vivi tudo o que há pra viver, que eu me permiti! Sem arrependimentos, sem medo do que está por vir.

5 pitacos:

Robs... disse...

É impressionante como vc se expressa de forma tão clara sobre esse assunto!

Concordo com tudo que vc disse; e vc sabe minha amiga, o que vc escreveu, serve pra nós dois (E garanto que para muitas outras pessoas da nossa "faixa" de idade)!! rs..

Não encane...Seu futuro, seu destino está marcado...Vc vai casar comigo amiga!!!kkk...

Beijos...Te adoro!

Elaine disse...

Oi Ruiva!

O que está acontecendo com as pessoas? Por que essa exigência com as mulheres que como nós chegaram aos 30 ainda solteiras? Passo demais por isso, e essa pergunta que fizeram a vc já respondi demais.
Também tenho vários amigos que já casaram, têm filhos, alguns já divorciaram, e o que mais tenho raiva é quando me olham com cara de pena e dizem: "Vc tambem vai casar e ter seu bebê, fica triste não". Dá vontade de mandar para aquele lugar, porque, assim como vc, isso não é prioridade na minha vida.
Desculpe o comentário longo, mas eu precisava desabafar!
Bjos!!

Nanda Albuquerque disse...

Ruiva,
Qdo li seu post me vi em uma realidade paralela, porque eu me via como vc, só que a vida me pegou de jeito e eu casei um pouco antes dos 30 e tive filho há 3 anos. Mas a chegada do filho foi sem planejar, pq eu não queria. E apesar de hj em dia não imaginar minha vida sem o meu filho, eu entendo como vc se sente, pois eu pensava assim. Acredite amiga, as pessoas que ficam cobrando certas atitutes, certos estereótipos, na maioria das vezes não estão tão satisfeitos assim com suas escolhas ou são aquelas pessoas que nunca pensam 'outside the box', ou seja, fazem, pensam, opinam de acordo com a maré, com o que é esperado pela sociedade, não têm opinião própria e não conseguem vislumbrar um outro tipo de felicidade que não aquela fabricada pela mídia.
Não se sinta mal e aproveite seus novos amigos. Faça com que eles a conheçam, e qdo vc precisar realmente de um ombro, tenha certeza que um daqueles mais antigos vai aparecer pra te ajudar. E se não aparecer ninguém, pode crer que talvez vc esteja melhor sem eles.

bêê tóó

Bia Bomfim disse...

"Acredito que as coisas aconteçam quando chega a hora, porque acredito que há um Deus que me vê e que cuida de mim."

Acho que vc tá no caminho certo, pq é desse jeito que as coisas acontecem na hora certa. E a "hora certa" de cada um é diferente. Hoje, faltando uma semana pro meu casamento, eu sei que se tivesse acontecido antes, não teria sido bom. Assim como vc, creio nesse Deus e sei que Ele está no controle de tudo, por mais clichê que isso possa parecer. E na SUA hora certa, vai acontecer.
Beijos!

Jullyane Teixeira disse...

Vc tá bem resolvida, Ruiva e é isso o que importa. A vida é cheia de surpresas, vc não tem que se incomodar com o que não aconteceu ainda, porque vai acontecer a qualquer hora dessas. Concordo com vc em tudo. Casamento não é salvação da vida de ninguém, a gente casa por uma gradual necessidade de unir a vida ao ser amado, não é pra ser obrigação.

Beeeeijos

 

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